quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O fogo que arde sem se ver...

Este soneto é uma definição poética do amor, como se Camões quisesse definir este sentimento indefinível e explicar o inexplicável, colocando imensos contrastes para caracterizar este “mistério”. Para Camões, o Amor (com A maiúscula) é um tipo de ideal superior, perfeito e único, pelo qual há o anseio de atingi-lo, mas como somos imperfeitos e decaídos, somos ao mesmo tempo incapazes de chegar a esse ideal. O amor é visto, então, como um sentimento que envolve sensações e que ocorre quando existe um senso de identidade entre pessoas com identidades bem definidas e diferenciadas.
Devo dizer que concordo do início ao cabo com Camões, até porque quando amamos, é inevitável colocar a pessoa amada em um patamar superior, e nos fazemos de escravo em todas as circunstâncias. Esse foi o assunto discutido nas duas aulas de literaturas hoje, pode parecer que não, mas foram super oportunas!
Esses dias estive sempre em conflito com meus sentimentos, ando meio bipolar nesse assunto, até porque parece que tudo resolveu me atingir de uma vez só, e isso pode ser bom, ou não.
Se deliciem agora, porque eu vou dormir, bezitos!
P.s: para os desinformados, o autor desse soneto é Luiz Vaz de Camões, o grande mestre Renato Russo apenas musicou (viu que essas aulas me serviram? nada de filar aula só porque tá sem livro, rsrs)

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

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